quinta-feira, 27 de agosto de 2015

COMO A CRISE ECONÔMICA AFETA O GERENCIAMENTO DE RISCOS ?

O aumento na taxa de roubo de cargas no Estado de São Paulo, especialmente em Campinas e região, tem levado pânico a transportadoras e funcionários.
 
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP), as rodovias que passam por Campinas e Piracicaba registraram, em média, dois roubos de carga por dia nos primeiros quatro meses deste ano. O resultado? Um aumento que varia entre 8% e 12% no valor do frete, de acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas (Sindicamp). Em todo o Estado, o aumento no índice do crime foi de 30% no primeiro semestre de 2015.
 
Uma hipótese para os números acima é que, durante as crises, o aumento na informalidade do trabalho e crescimento do desemprego podem gerar reflexos no índice de criminalidade. Como segunda hipótese, podemos citar o corte de custos das empresas, que atinge uma área essencial na prevenção de perdas: o gerenciamento de riscos.
 
Em cenários de crise é comum que as empresas busquem redução de seus custos, antecipando-se a possíveis perdas. Nestes tempos, no entanto, é necessário não esquecer que “prevenir ainda é sempre o melhor remédio”.
 
Infelizmente existe uma cultura em alguns segmentos empresariais brasileiros que retarda os investimentos em prevenção de perdas, dando a devida importância ao tema apenas em situações de grandes prejuízos.
 
Antes de qualquer coisa é preciso desmistificar alguns aspectos sobre o gerenciamento de riscos. Riscos são eventos que possuem uma probabilidade de ocorrer e, caso ocorram, terão um impacto positivo (oportunidade) ou negativo (ameaça). Infelizmente, a maioria das empresas se esquece que os riscos podem se tornar oportunidades, lembrando, vagamente é verdade, que as ameaças existem apenas quando já ocorreram.
 
Isso não é gerenciamento de riscos, que trata os riscos antes que ocorram, maximizando as oportunidades e minimizando as ameaças. O nome que se dá para a ação reativa é pronta resposta ou plano de continuidade de negócios, ou reza. Claro que as ações a serem executadas em caso de concretização do evento de risco devem estar documentadas, mas a essência do gerenciamento de riscos é a prevenção, nunca a reação.
 
Com a visão míope dos riscos, é comum que ele seja eleito o grande vilão da companhia, aquele que pode ser descartado nos momentos de crise. Muito além de “apenas uma exigência das seguradoras”, o grande objeto do gerenciamento de riscos é a prevenção. Caso um risco negativo concretize-se, a empresa já está preparada para tratá-lo, reduzindo drasticamente impactos financeiros e operacionais para a organização.
 
O gerenciamento de riscos deve ser visto tal como os departamentos de controle interno: administração, financeiro, contabilidade e etc., pois pode em longo prazo ser o responsável pelo sucesso ou derrocada de uma empresa.
 
Em tempos de crise, precisamos prestar atenção em duas frases populares:
 
“O verdadeiro homem mede a sua força quando se defronta com um obstáculo” - Antoine de Saint-Exupéry.
 
“Mar calmo nunca fez bom marinheiro” - Ditado popular.
 
As duas frases acima ilustram o nosso momento atual. A crise está “aparando as arestas” do mercado e ficará somente quem conseguir sobreviver. Para isso, é preciso agir como um bom marinheiro, aviar-se em terra firme para lançar-se ao mar. Traduzindo para o nosso dia a dia, investir em gerenciamento de riscos objetivando a prevenção de perdas. Quem perder menos, ganha mais na crise.
 
 
Por Felipe Martins, Gerente de Riscos da CCI
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